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domingo, 30 de agosto de 2015

Depois de uma cirurgia cardíaca, um AVC que comprometeu o lado direito



Não me perguntem qual a diferença entre AVC isquêmico e AVC hemorrágico porque até hoje, depois de haver sofrido um AVC isquêmico, aos 66 anos e  há mais de dois anos, não sei;
nenhum dos médicos que me examinaram de lá para cá — e foram muitos deles — me explicou; sei vagamente que o isquêmico é geralmente menos grave que o hemorrágico. Mais do que isso, não sei. Talvez seja pela minha falta de curiosidade em saber, talvez sejam pelas dificuldades dos médicos em traduzir para uma linguagem compreensível certas particularidades científicas, talvez seja pela soma das duas coisas,  talvez.

Meu AVC—isquêmico, segundo o prontuário da Unicamp e inúmeros laudos expedidos por especialistas diversos — veio à cavalo de uma cirurgia que fui obrigado a fazer para desobstruir artérias cardíacas, muito maltratadas por uma alimentação pouco saudável e o maldito vício do cigarro; havia feito cateterismo com esperança de escapar da cirurgia, rezando para que, quando muito, eu conseguisse resolver meus problemas cardíacos com a implantação de um ou dois stents. Eu vinha tendo picos altíssimos de pressão alta; já tomava vários remédios para controle, mas nenhum deles estava mais resolvendo.

A situação das minhas artérias era, contudo, trágica; tinha algumas delas com até 80% de obstrução e uma principal totalmente entupida. Não enfartei porque o sangue encontrou um jeito de continuar chegando ao coração por um atalho. Precisei implantar duas pontes de safena de grande porte e uma mamária.
Eu era um paciente muito bem informado sobre suas condições de saúde e os riscos do tratamento; vivia plugado no dr. Google de modo obsessivo. Sabia, por exemplo, que os riscos de eu ter um AVC durante a cirurgia eram altos porque iria enfrentar mais de três horas de circulação extracorpórea – nela, seu coração e pulmões são desligados e a máquina entra em cena par fazer o papel desses órgãos.  Os riscos de complicações nesse período são muito altos.

Eu não tinha outra escolha, segundo o cardiologista que me indicou para cirurgia na U
​nicamp
 (Universidade Estadual de Campinas); tive muito medo, mas enfrentei a cirurgia com estoicismo.
O AVC me trouxe paralisia da perna direita e do braço direito; tudo ocorreu em fins de julho de 2013; meu braço está bem recuperado mas a perna dá poucos avisos de que vai-se restabelecer. Já passei por três internações no Instituto Lucy Montoro; tinha esperança que nesta última voltaria a andar, mas 

​n​ão foi desta vez — fisioterapeutas identificaram fraqueza dos músculos da bacia. Tiveram de adiar o prometido plano de marcha.
Tenho um blog onde escrevo crônicas não só sobre minha nova condição de vida mas também sobre política e outras percepções que me são oferecidas pela minha condição de jornalista (osobreviventeavc.blogspot.com.br). Já escrevi ali que fisioterapia é uma técnica aplicada por moços e moças saudáveis e bem nutridos, geralmente bastante dolorida, e que tem por objetivo deixar uma pessoa o mais parecida possível com aquilo que ela já foi; conto isso para os fisioterapeutas do Lucy e eles dão sempre boas risadas.

Dirceu Pio
​dirceupio@yahoo.com.br 

Um comentário:

Anônimo disse...

Postando um comentário, para conferir.

Muito boa a narrativa do sr. Dirceu. Parabéns pela lucidez. Paciência na recuperação!

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