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sábado, 2 de abril de 2011

Meu amor sobreviveu ao AVC

Sempre achei que vale a pena compartilhar uma linda história de amor.
Sou de São Paulo e tenho 32 anos, ele é de Montreal (Canadá) e tem 34 anos.
Ele era meu confidente, um grande amigo com quem compartilhava sem quaisquer segundas intenções os meus segredos, momentos de risos, longas conversas, bate-papo, falávamos sobre tudo e cada vez mais nos envolvíamos.
Éramos bons amigos e em janeiro de 2007 em suas costumeiras férias no Brasil me propus a apresentar a cidade de São Paulo onde moro... Museu Paulista, Memorial da América Latina, Teatro Municipal, Catedral da Sé, Palácio do Governo, Casa das Rosas, etc. Eu li e estudei sobre a história de cada lugar para não fazer feio como moradora da cidade. Fui ao hotel, fiz reservas para ele, entrei em contato com as suas outras amigas e marcamos um encontro de amigos numa pizzaria de um prédio antigo no centro. Ele parecia encantando com nossa recepção, com nosso esforço em fazer tudo para que ele se sentisse bem em SP. Foram dias maravilhosos, nos divertimos muito como bons amigos e ele parecia muito feliz. Em fim, seus dias de férias se acabavam e ele teve que voltar para casa no Canadá. Voltamos à vida real, mas continuamos a nos falar, mesmo à distância, todos os dias e cada vez estávamos ainda mais próximos. Em março daquele ano ele começou a trabalhar muito e a passar por muito stress. Vinha tendo dores, cansaços e algum desconforto e eu sempre pedindo (quase implorando) para que ele procurasse um médico mas ele resistia e dava sempre a desculpa de que iria melhorar logo. Para complicar ele não contava para sua mãe sobre seus males para não preocupá-la. Lindo não??? Eu estava à milhas e milhas de distância e super preocupada. No dia 5 de abril por volta de meia-noite eu pedi que no dia seguinte ele se levantasse da cama um pouco mais tarde para descansar um pouco mais.
No dia 6 de abril ao se levantar às 6h da manhã, desmaiou e caiu no quarto. O detalhe é que ele não fala português, seus pais só falam Francês e eu não falo uma palavrinha em Francês. Portanto eu não podia pegar o telefone e dar uma ligadinha para seus pais para saber o que estava acontecendo. Achei estranho o sumiço de mais de 2 dias e comecei a me preocupar. O email que enviei para o escritório em busca de notícias voltou com uma mensagem automática dizendo “Ele está temporariamente fora do escritório, urgências contactar Peter...” Resolvi escrevê-lo pedindo notícias, foi quando recebi um retorno dizendo “Kelly ele está temporariamente fora do escritório e eu pedirei a família para entrar em contato com você”. Essa mensagem só aumentou a minha preocupação. Eu não conseguia dormir... o que teria acontecido? Por quê ele não me mandava notícias? Será que estava bem? Por que o retorno do email parecia tão sério?
Por volta das 4horas da madrugada, rolando na cama sem sono , me lembrei que ele havia comentado uma vez que teria uma amiga virtual brasileira no Orkut e que ela morava em Montreal e falava muito bem Francês. Saltei da cama direto para o computador, escrevi um email para Cleide me apresentando, dei o telefone da casa dele e pedi ajuda para que ela ligasse à casa dos pais dele e me desse notícias. No dia seguinte pela manhã, já havia recebido um rápido email de retorno da Cleide dizendo “Kelly, infelizmente não tenho boas notícias para você. Ele teve um AVC no dia 6 de abril e está em coma no hospital. Seus pais estão muito preocupados e acredito que o que podemos fazer agora é orar muito para que tudo se resolva”
Cleide, muito gentilmente, se colocou à minha disposição e prometeu me manter informada durante todos os dias. O meu mundo caiu, pois como eu poderia acreditar que aquele rapaz saudável, jovem, que fazia atividades físicas regularmente, que não ingeria bebidas alcoólicas, não era obeso,  que estávamos juntos e felizes há dias atrás e agora estaria à beira da morte??? Uma pessoa acima de qualquer suspeita para se ter um AVC! Chorei muito durante todo o dia, mas eu precisava fazer algo para que não me sentisse tão impotente diante da situação. Então resolvi escrever mensagens para o email dele mesmo sabendo que ele não poderia lê-las, comecei também e pesquisar sobre AVC ou como alguns chamam de derrame cerebral , lia muito a respeito, falei com vários médicos e comecei a fazer amizades com pessoas que tinham o mesmo perfil que ele e que estavam em tratamento de AVC. Eu precisava conhecer o assunto, precisar me despir de qualquer preconceito e ignorância sobre o tema, precisava saber como eu deveria me comportar depois do que aconteceu e como eu poderia ajudá-lo efetivamente. Também escrevi aos pais dele naqueles dias enquanto ele permanecia em coma no hospital. Eu acreditava que eles conseguiriam ajuda para traduzir minha carta. Quando ele entrou no hospital os médicos disseram que ele teria apenas 4 horas de vida... Mas Deus decidiu que ele teria mais, muito mais. Ficou em coma durante 2 semanas, 33 dias internado, 3 meses num centro de recuperação intensiva, 6 meses no centro de reabilitação, terapias e tratamentos diversos. Depois de tudo, saiu do hospital com a fala e lado direito com problemas.
Nossas amigas me ligavam para saber notícias dele, Cleide me manteve sempre informada e até foi pessoalmente à casa dele para visitá-lo e me trazer notícias, mas a vida tinha que continuar.
Como um milagre, ele voltou para casa, andando e falando com dificuldades e passando por um tratamento rigoroso. Tivemos que nos readaptar à nova vida, por vezes tive que animá-lo e dizer que não havíamos perdido a guerra, lembrá-lo que ele é fruto de um grande milagre e que o mais importante que é a sua vida foi preservada. Ele é um vencedor! Ele que ama o Brazil e vinha todos os anos, ficou 2 anos sem vir e isso foi também muito difícil. Hoje ele se recuperou bastante, anda muito bem, continua lindo como sempre, recuperou 50% da fala, voltou a trabalhar na mesma empresa de antes e viaja sozinho para o Brasil uma vez por ano para me ver. Hoje é totalmente independente e quem o ver hoje tão bem não pode se quer adivinhar a barra pela qual passou. Sempre tiramos férias juntos, nos amamos e queremos nos casar em breve. Estamos cansados de todo ano a mesma cena: nós dois aos prantos no aeroporto se despedindo. Queremos muito ser felizes juntos e em minhas preces peço a Deus que abençoe nossa união. Venci o preconceito causado pelo desconhecimento e hoje vivo um grande amor.




Kelly - SP
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