Quando o corpo não obedece ao cérebro
Fase dolorosa em que você tenta, tenta, esforçasse e nem o mais leve esboço de reação. O monstro da imobilidade, incapacidade, invalidez é feio e assusta mesmo. Mas sei que há ainda muitos neurônios trabalhando, em algum lugar. As emoções existem, logo deverão de estar sendo processadas em algum ponto. E toda a parte motora do lado direito está perfeita - noutra grande área de processamento. Posso sorrir, brincar, chorar e lembrar... Já pararam para pensar quantos gigabytes, terabytes ou sei lá que medida seria, temos armazenados na memória? Pois está tudo lá, vivíssimo, o passado, compromissos próximos, futuros, telefones, endereços, nomes e imagens de lugares por onde andamos, pessoas que conhecemos, amores, alegrias e decepções.
O lado esquerdo pode não obedecer direito. Sinto, porém, ter domínio sobre meu cérebro. Não deve estar tão danificado assim, pois entende e obedece a minha vontade, exceto mexer melhor a mão esquerda, claro.
Mas, se quero lembrar-me de algo, os neurônios sobreviventes vão lá e acham-no para mim. Sinto-me, sempre, agraciado pelos céus, pois controlo o que há de mais importante: a minha mente, dentro do cérebro que me restou.
Quando o corpo não acompanha o cérebro
Foi por volta do início de 2007 que eu adentrei numa nova fase de recuperação. Esse marco coincidiu com um novo tratamento que fiz com o fisioterapeuta - hoje amigo, Rodrigo Deamo (a Terapia por Contenção Induzida - TCI). Sobre essa terapia escreverei um post específico, pois vale à pena. No meu caso ajudou muito.
Como ia dizendo, esta que considero a segunda fase da minha recuperação caracteriza-se por uma sentida melhora considerável da atividade cerebral e movimentos retornando cada vez mais. Sinto que o desenvolvimento motor não é capaz de acompanhar os progressos cerebrais. Por mais que tente, meu corpo não consegue acompanhar o ritmo da cabeça que parece funcionar como nunca. Comparado a um Ronaldo que fica um tempão sem jogar e retorna fazendo monte de gols (não sou corintiano não! Mas admiro e torço por esse rapaz)
Enfim, hoje trabalho para que meu corpo atinja um nível de resposta a altura da capacidade da minha nova ordem cerebral. O segredo não é segredo para ninguém mais aqui. Ser incansável nos exercícios, vibrar a cada pequena vitória, manter a fé e o espírito direcionado a auto-cura. Sim, temos essa capacidade! O corpo humano é maravilhoso, se regenera. Podemos ajudar essa tarefa ingerindo vitamina D e tomando sol diariamente, sem o qual a vitamina D não é processada. Mais essa que aprendi neste caminho. A vitamina D é fundamental para a reconstituição neuronal - formação de novos neurônios.
Paulo Coutinho
3 comentários:
Paulo, você fez TCI no Lar Escola São Francisco ou particular?
Su, os dois... foi no larescola SF e particular
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