Olá, meu nome é Simone, tive um AVC há 5 anos e sobrevivi!
Era outubro de 2010, um domingo à tarde!
Eu estava arrumando o guarda-roupa da minha filha e ia e voltava do quarto pra área de serviço.
Numa dessas idas e vindas, senti algo estranho, mas muito sutil, um leve formigamento, quase um arrepio por todo lado esquerdo do meu corpo.
Parei no meio do caminho e me dirigi ao meu marido para contar sobre a sensação estranha.
Quando abri a boca para falar, simplesmente as palavras não saiam e não saiam e ele achou que eu estava brincando.
Foi quando vi a expressão dele me olhando que me dei conta de que alguma coisa grave tinha acabado de acontecer.
Fui pra frente do espelho ver o porque daquela cara que ele fez e quando tentei falar, minha boca entortou para um lado.
Pedi papel e caneta e quando tentei escrever, não conseguia transmitir nada pro papel, parecia que meu pensamento estava funcionando perfeitamente, mas meu cérebro não passava os comandos para a boca e as mãos não escreviam nada.
Meu marido ligou pra minha irmã e disse apenas que eu não estava me sentindo bem, mas ela já apareceu lá de taxi!
Fomos pro Pronto Socorro e apesar do médico ter feito exames que indicavam um AVC (*), disgnosticou-me com uma paralisia facial temporária provavelmente devido a um stress!
(*) Ele me pediu para falar, fechar os olhos e levantar os braços, apertar a mão dele.
Tentei tomar um copo d´água e qual não foi meu espanto quando engasguei e cuspi a água toda, pois minha língua parecia não caber dentro da boca.
Foi então que resolvemos ir para uma cidade uns 50 minutos mais próxima e procurar ajuda em um grande hospital.
Ao chegar na emergência, o médico fez os mesmo exames preliminares (*) e já suspeitou de um AVC, fez um eletro, me deu um remédio sublingual, enfim, fui medicada.
Fui internada e os dias seguintes foram para determinar o que provocou o AVE – Acidente vascular encefálico, segundo um dos médicos.
De cara foram descartados: diabetes, hipertensão, tabagismo, altos índices de colesterol e/ou triglicerídeos e eu não fazia uso de anticoncepcionais.
Tomografia computadorizada, ressonância magnética, mas foi com o ecocardiograma transesofágico que verificaram que possuo um FOP (forame oval patente) – um buraquinho entre os átrios esquerdo e direito do coração, que deveria ter se fechado naturalmente na infância, mas que no meu caso e de aproximadamente 20% da população adulta, não se fechou!
Depois ainda fui submetida a uma angiografia cerebral para verificar a gravidade do AVC e infindáveis exames de sangue, etc.
No total, fiquei internada duas semanas e a cada dia minha fala melhorava mais, porque eu estava falando totalmente embolado.
Voltei ao hospital um mês depois para novo ecocardiograma a fim de avaliar o volume de fluxo sanguínio que escapa de vez em quando pelo FOP, e um especialista me disse que não haveria necessidade de fechar o forame com uma prótese do tamanho de um gão de arroz e que na época custava R$90mil!
Passei um ano ingerindo anticoagulante e fazendo exames de sangue regulares, após esse período fui aconselhada a tomar 02 A.A.S infantil após o almoço, todos os dia, pra sempre.
Atualmente encontro-me com a fala 99% normal – serio, tive uma melhora ao longo do tempo, mas tenho tido problemas no estômago, acredito que por conta do A.A.S.
Daquele episódio ficou a lembrança de como o nosso cérebro é fantástico, porque eu pensava, mas não conseguia executar, e as pessoas me tratavam como se eu estivesse meio lelé, sabe? Hoje rimos de tudo, mas foram dias de muita incerteza, principalmente nos primeiros dias, nas primeiras horas.
Eu pensei que as limitações iam evoluir até o ponto de eu não andar, falar e nem mesmo raciocinar direito e graças a Deus, pouco tempo depois eu já me sentia normal.
Então é isso, tive um AVC e sobreviví!